sábado, 24 de agosto de 2019

O IMPOSTOR II (Continuação do IMPOSTOR I)


Caros leitores,

O artigo que se segue, é continuidade do texto anterior, intitulado “A saga do Impostor”, com sub-título, O Impostor I, ele vem dar sequência narrativa à analise que se faz, da acção e comportamento da personagem narrada, os quais se retratam ao longo dos dois textos complementares.

O IMPOSTOR II

Como ficou exposto no texto precedente (vidé Impostor I), a imposição do Impostor no xadrez político nacional, consumou-se por força das contigencias da situação conjuntural criado pelo cenário politico-militar caôtico provocado pelo violento golpe de estado de abril de 2012, que decapitou e forçou ao exilio a proeminente liderança politica de entao e, cujas ausências facilitaram sobremaneira, o cimentar do projecto político do Impostor, que culminou na sua consagração na cúpula dos Libertadores, onde hoje exerce o poder, de forma despótica e arbitrária.

É comummente aceite que, o golpe de estado de 2012, provocou a interrupção de um ciclo promissor de avanços sectoriais no país, marcado por resultados até hoje inalcansáveis em termos de realizações e de perfomances governativas. Esses avanços, geraram efeitos fortemente impactantes na vida das populações, assim como em outros indicadores de desenvolvimento com respaldo na implementacao de vários projectos estruturantes para o pais, tais como a realização da estrada Buba-Catió,  o Porto de águas profundas de Buba, a Exploração do Bauxite e Fosfato de Boé e Farim respectivamente, o lançamento dos trabalhos de interconexão da rede eléctrica regional... entre outros projectos.

Em contraponto, com o  golpe, o país viu-se completamente mergulhado no caos e entregue à elite militar golpista e a um governo de transição corrupto e submisso que, em pouco tempo de governação, quebrou com todas as permissas encorajadoras de desenvolvimento que o país tinha começado a trilhar e, principalmente, ocasionou o surgimento de um ambiente de desespero nacional, factor extremamente favorável ao aparecimento e à promoção de falsos profetas, como foi o caso, do retratado Impostor.

Foi nestas circunstâncias e condições propícias à tais tipos de emergências, que o Impostor avançou resolutamente para a tomada do poder vacante no pais, tendo contado com o apoio incondicional do seu fortíssimo lobby português por um lado e, por outro lado, ele próprio, denegrindo interna e externamente a idoneidade e reputação da elite politica no exílio, particularmente do antigo Chefe do Governo que na altura, ainda era o Presidente dos Libertadores e candidato presidencial vencedor folgado da primeira volta das eleições, cuja segunda volta foi violentamente interrompida pelo golpe de estado.

Assim, pé ante pé, mostrando ser um mestre da lábia fácil, frieza no pensamento e cinismo na acção manipuladora de promover o seu acomodamento político, o Impostor foi cimentando paulatinamente a sua posição política junto do partido que hoje dirije, ao mesmo tempo que criava, através da intriga e mentiras, barreiras internas e complôts junto da classe castrense contra a cúpula dirigente no exílio.

Numa outra vertente, não descurava por outro lado, em esmagar todo e quaisquer sinais de simpatias para com a liderança proscrita pelo golpe militar e, foi efectivamente com esta estratégia típicamente camoriana, que o Impostor conseguiu impôr-se internamente no seio dos Libertadores, estendendo tentacularmente as suas redes de influências dissuasivas sobre qualquer tipo de oposição interna, forjando-se assim nos Libertadores, a ascendência populista de um dos maiores manipuladores politicos que a história da nossa democracia produziu.

Confortávelmente instalado como Senhor absoluto na liderança dos Libertadores, o Impostor põe imediatamente em prática a sua ambiciosa agenda pessoal e dos seus amigos, passando a servir-se da grandeza e projecção do partido de que se acapelou, para alcançar os seus intentos pessoais e de grupo. Passou a combater de forma percussutória, todo o tipo de manifestações de simpatia ou de sentimentos nostálgicos para com a figura do antigo lider do seu partido, isolou os que persistiam nessa solidariedade ou reaproximação, afastando-os ou postergando-os ao ostracismo e humilhação interna, chegando ao ponto, de nem ir apresentar os sentimentos de condolências à familia de um malogrado historico do partido mas assumido simpatizante e apoiante do ex-lider dos Libertadores.

O Impostor impôs no partido dos Libertadores em curto espaço de tempo, um verdadeiro culto de personalidade e de idolatração à sua figura, criou uma rede de servidores fiéis, quer no seio do partido, quer nas redes sociais, nos blogs do regime (um transformou-se praticamente, no pasquim dos Libertadores), no seio dos comentadores televisivos e radiofónicos, tanto nacionais, como internacionais (destacando-se neste último, um conhecido comentador da RDP-Africa, como o caso mais flagrante de um devoto avençado à causa do Impostor). Enfim, o Impostor criou uma autêntica horda de  "clakeros" submissos e fundamentalistas, autênticos Kamikases à sua causa, não se cansando de clama-lo com epítetos messiânicos, tais como "Salvador da pátria", "melhor primeiro ministro da Guiné-Bissau", louvores que, ao que se sabe, nada fez ou provou para merecer.

Na sua saga de se afirmar na base da mentira e da ilusão, o Impostor comprou consciências dos militantes manipulando-os sádicamente com chantagens, mentiras e jogos de intriga interna e de postos vantajosos. Assenhorou-se oportunisticamente de uma élite interesseira, degradante e prostituída de Antigos Combatentes para supostamente se tentar cobrir da arrogada legitimidade de “herdeiro de Cabral”. Aliciou as Associações e Movimentos da Sociedade Civil para causar o caos e a instabilidade no país desde a sua queda como Chefe de Governo, criou movimentos de agitação popular pró-causa que desestabilizaram completamente o país e sabotaram todas as soluções de governação engendradas e, no summum da sua acção, o Impostor vestindo a pele de vitima,  instrumentalizou e dividiu a nossa sociedade e liderou o projecto da banalização os orgãos e as instituições de soberania desde que dele não fizesse parte, como nunca se viu e tornou o país completamente ingovernável…

E, tal como prometera, deu corpo ao adágio de Luis XIV..."après moi le diluve".

De Cacheu à Bissau, o projecto inicialmente escamoteado de pretender exercer um controlo totalitário e absolutista do poder no seio dos Libertadores que fora traçado pelo Impostor, tornou-se hoje numa realidade assustadora e assim, uma liderança forjada em esquemas de mentiras e manipulações foram posta em marcha e hoje, esta entranhado na mente e comportamentos dos Libertadores como dogmas da sobrevivência nos seus seios. Assim, todos os militantes-dirigentes que se oposeram aos seus ditâmes ditatoriais foram afastados, todos os dirigentes considerados pró-antigo lider, ou se convertiam radicalmente à sua causa submetendo-se à sua vontade, ou eram pura e simplesmente, excluidos, humilhados e afastados de quaisquer orgãos de decisão do partido. Na realidade,  uma autêntica “caça aos infieis” foi posta em marcha dentro do partido hoje liderado pelo Impostor, pelo que, depois da razia feita com a expulsão dos 15, vai-se indo por aí fora com outras purgas internas abafadas na calada da vaga ditatorial  em curso.

Na senda da sua agenda de consolidação absolutista, nada melhor, que recreiar uma Convenção do partido manipulada e controlada pelos seus acólitos, realizada nas vésperas do Congresso do partido dos Libertadores. Essa Convenção, era para servir de charneira à montagem da vergonhosa cosmética de fazer passar junto dos incautos militantes, uma escamoteada “alterações estatutarias do partido” que, sob sua encomenda, visava acima de tudo, centralizar todo o poder e decisões do partido nos desmandos da sua vontade. Todas essas manobras foram feitas, em nome da vontade e pretensões desmedidas do erigido e proclamado “Sol-Maior”..., um Sol maior ao que parece, segundo os seus clakeros, ainda é "maior e mais brilhante do que Amilcar Cabral"..., enfim,... delírios de uma mente incontrolável por força de uma superlativa auto-estima e interminável ambição de querer dirigir o pais num absolutismo puro e fazer imperar a sua vontade tirânica de intolerância para com todos os que não se submetam aos seus ditâmes.

Em contraponto aos excomungados, os amigos do Impostor, principalmente os seus parceiros da agenda do assalto ao poder no partido, os seus correlegionários do PCD, os russians's-boys, os resgatistas de colarinho branco, as comadres e concubinas, as amigas e damas de companhia da "primeira dama dos Libertadores", as cabelereiras e chalaceiras de comes e bebes, os engraxadores, os promotores de imagem, os clakeros de redes sociais, os radistas e comentadores avençados, os "bocas de aluguer", os “parceiros "especiais" trazidos à reboque dos micro-partidos”..., são os que, são ostensivamente promovidos nos orgãos directivos do partido, no Governo e nas instâncias do Estado com lugares e beneses lordics, como contrapartida da subservência e conivências prestadas.

Acedendo ao poder, devido a vitoria natural e sem surpresas dos Libertadores na primeira eleição legislativas em que concorreu como lider desse partido, o Impostor quiçá embriagado pela supra-valorização e uma avaliação desmesurada com que “vendeu” e propalou “os resultados extraordinários” da Mesa Redonda que se seguiram à sua eleição para a chefia do Governo, deu inicio a uma agenda de governação com uma postura marcado pela arrogância, pelo desrespeito, por provocações e confrontações com a presidência da República, cujo cúmulo do distrate público, foi a utilização dos canais da ANP, orgão onde o seu partido detinha a maioria parlamentar, para dirigir uma sessão de insultos e impropérios públicos com direito a emissão em directo na rádio estatal, contra a figura da Mais Alta Magistratura da Nação. Com este facto inusitado, insensato e incompreensivelmente provocatório, deu-se inapelavelmente, o inicio do ciclo da institucionalização  da sua campanha de permanente conflituatlidade e confronto com o PR. 

Essa propensão assumida de conflitualidade, de posições de desafio reiterado nas suas relações com qualquer poder ou orgãos da da República que se lhe sobrepõe, não demostrando quaisquer esforços em proporcionar uma cohabitação comprometida e respeitaora com as mesmas, eram apoiados e sustentados por uma forte e agressiva campanha levadas à cabo pelas estruturas de agitação e propaganda criadas pelo Impostor, estrategia que conferem às suas actuações, um calculo de risco assumido, visando outros fins pessoais bem estruturados na sua mente e no seu grupo de assalto ao poder. Essas estruturas de permanente guerrilha politica, muito bem cartilhada, constituem autênticas hordas de agitadores políticos, confessos apoiantes do Impostor, onde se encapotam, falsos Movimentos-sociais, redistas sociais, fazedores de opinião em rádios e televisões, comentadores “politicos” e “bocas de aluguer”, todos eles avençados enquanto instrumentos de pura campanha propagandistas do Impostor, com os quais sustentou toda a sua agenda de permanente confronto, postura beligerante e de conflitos que marcaram de forma negativa e desrespeitosa as suas relações com o Mais Alto Magistrado da Nação ao longo da sua curta estada à frente da IX Legislatura.

Na realidade, o Impostor marcou a sua curtissíma passagem à frente do Governo, por actos de desrespeito e arrogância, para com os seus concidadãos, os seus adversários politicos, os seus parceiros institucionais, em particular ao mais Alto Magistrado da Nação, contra quem, se aprestou a uma luta sem quartel, ao ponto de caucionar e subvencionar actos e manifestações ultrajantes à sua pessoa do PR de forma ostensiva e pública. Estes cenários irreponsávelmente  orquestrados, fizeram despoletar uma  guerra absurda e desnecessária, da qual, o Impostor viria a sair claramente perdedor, apesar de se apregoar o contrário no seio dos seus apaniguados, pois foi uma guerra sem sentido, um conflito forjado e alimentado pelo Impostor por mera ganância e narcisismo, cujas consequências, queira-se ou não,  pesaram nos seus falhanços de exercer o poder que as urnas lhe conferiram em duas ocasiões e continuarão decerto a pesar sobremaneira no seu percurso politico futuro.

Hoje, apesar do potente arsenal de propaganda e marketing político de que dispõe e faz recorrentemente uso para agitar o pais a seu bel prazer, a realidade inegávelmente constactada, é no entanto, que  o Impostor  está politicamente em queda livre, quer em termos de resultados, quer em termos de sustentabilidade do seu poder na arena política nacional e no seio do seu partido. Para confirmar tal realidade, basta analizar os seus resultados nas legislativas à frente dos Libertadores, onde, enquanto herdeiro de um score de 67 deputados  sobre 100 assentos parlamentares,  o Impostor  foi-se regredindo sucessivamente, pelos números de 57 em 2014 e, nas últimas legislativas para  47 lugares sobre um universo de base de 102 assentos parlamentares. Esses números, deveras preocupante para qualquer politico normal, não o é entretanto ao que parece, para o Impostor e o seu séquito de "clakeros", que persistem na negação da manipulação politica e da desinformação para tentar fazer crer o contrario.

Aliás, o Impostor na obsessão natural de se iluminar do poder, tão rapidamente se esquece das suas promessas dando o dito por não dito num àpice de perda de memoria propositada, ao ponto que, até as pessoas mais atentas não se apercebam das suas repetidas incongruências e falsas promessas. Os casos mais flagrantes, foram o da sua propalada ameaça de se DEMITIR, caso não conseguisse atingir a MAIORIA ABSOLUTA e o da sua não pretensão de não se candidatar à presidência da Republica. Nos dois casos, contrariamente ao prometido aos seus militantes e as populações reiteradas vezes seguiu por caminhos contrarios. No primeiro caso, longe da maioria tão almejada e, com medo de perder o poder com o qual tanto se alimenta e forja a sua falsa personalidade, acabou a correr precipitada e prostitutamente para os braços da APU, quarto partido mais votado nas eleições de 2019, no outro caso, assumiu cinicamente o dito por não dito, candidatou-se e deixou o seu fiel defensor a choramingar e com direito à babas e ranhos de um traido sentimental.

Outro factor a ter em conta, é a omnipresença do Impostor no seio do Poder. Ela se espelha na sua plenitude e perfeição na actuação  do presente elenco governativo, onde, apesar descartado do cargo de Chefe de Governo pelo PR, ele tem dado mostras do seu forte vampírismo pelo poder,  onde a sua influência tentacular é bem notória, quer nas nomeações (colocando os seus homens de mão nos cargos e postos geradores de receitas...veja-se o caso frequente e vergonhoso da nomeação do seu irmão, ex-Ministro, para o posto de DG do INPS...para sacar, sacar, sacar ), quer também, na pilotagem dos projectos de maior enfoque financeiro, onde o interesse de tirar dividendos financeiros para o seu clã de seguidores e familia, é mais do que evidente.

Este episódio recente é mais um capitulo  da saga incessante do Impostor de querer se afirmar como o  senhor absoluto do poder na Guiné-Bissau ao concorrer e vencer as primárias do seu partido como candidato dos Libertadores para as eleições presidenciais de novembro próximo. Um escrutíneo que não teve nada de extraordinario, pois preparado à medida das pretensões do Impostor,  onde as regras e o controlo interno de que dispõe,  quer dos orgãos quer dos militantes votantes do CC, previam-lhe  de antemão, uma vitória fácil e confortável, sem deixar de se tomar em conta que a mesma deve-se e muito à fraqueza e impreparação desses opositores internos, sabendo-se que, nem um, nem outro, possuem perfil ou idoneidade de estadistas, para pretensamente quererem dirigir este um pais.

Contudo, não pense o Impostor que vencer as primárias do seu partido, é um sinal que o legitimará para uma vitória presidencial, isto porque, por lado o seu partido deixou de ser maioritário há muito neste país, para além de que, o facto de se ter apresentado as primárias à revelia do que prometera inicialmente aos seus camaradas pretendentes ao cargo e aos militantes do seu partido, deixará mossas e criará fracturas inevitáveis no seio dos Libertadores, cujas consequências não serão de imediato perceptíveis neste cenário pós-primárias, mas com o tempo e o aproximar das eleições serão naturalmente perceptiveis e inevitavelmente fracturantes. 

Aliado a este dado interno, colar-se-ão de forma inevitavel, os colaterais dos vários compromissos com outros potenciais pretendentes à cadeira presidencial com os quais,  o Impostor, alegadamente assumiu potestativos compromissos  de apoio que, à partida quebrou ou que nunca teve intenção de cumprir (fala-se de compromissos com Nuno Gomes Nabian, Paulo Gomes e até Marucas),  porquanto a ambição do Impostor e a manifesta pressa de controlar e assumir o poder de forma ditatorial e absolutista, premissa do seu credo, era incomptivel com  honrar desses comromissos.

Enfim, cá estaremos para seguir de perto a saga sofregada do Impostor na sua luta titânica pelo poder, onde se quer absoluto, mas que o destino porém, persiste teimosamente em negar-lhe já por duas vezes e..., possivelmente uma terceira, a qual de certeza será de certeza o fim da sua ganância politica.

Os tempos prôximos nos edificarão sobre a sorte que o destino reservará para o Impostor...quer quanto quanto ao seu futuro no seu partido, quer na política nacional em geral.

Os resultados eleitorais que se desejam, livres, justas e transparentes dirão da sua justiça.

Bolama, 23 de agosto de 2019

NTchanga di Coburnel  


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