OPINIÃO : A PROPÓSITO DO DIA DA CULTURA
Ouvi na comunicação social de
que, o Governo tinha decidido dedicar o dia 12 de Setembro como “Dia Nacional
da Cultura”.
A escolha da data, foi infeliz,
despropositada, inoportuna e desprovida de sentido.
Em primeiro lugar, porque a
escolha de datas nacionais, deve ser alvo de um amplo debate nacional e
sectorial para reunir consensos e alinhamento com a sociedade, ainda mais,
tratando-se de uma área tão abrangente e transversal como a cultura. E, em
segundo lugar, a escolha deve obedecer a critérios assertivos que não ponham em
causa outras datas históricas de grande simbolismo e recolhimento nacional.
A escolha da data de 12 de
Setembro, não respeitou, nem um, nem outro critério. Foi mal pensado e mal
escolhido em todos os sentidos e ela, foi decidida à sorateira e de forma
unilateral e caprichosa.
Ao escolher a data de 12 de
Setembro como “dia da cultura”, o Governo desmereceu em consideração a data
natalícia
do Fundador da Nacionalidade Amilcar Cabral, cuja data não devia ser “partilhada”
nem confundida com nenhuma outra, mesmo sob pretexto de se querer instituir uma
“cultura” de debates e conhecimentos sobre a figura e obra do Pai da Nação, porquanto,
estes debates e dissertações deviam ser feitos num contexto de exclusividade
que a sua imensa figura merece, e deve ser tratado.
A escolha da data, desmerece igualmente,
em respeito e consideração, outras importantes personalidades da cultura
guineense, cujas datas natalícias, podiam perfeitamente ser
escolhidas para se instituir como o “dia da cultura” e, sem necessidade de
beliscar uma data histórica e simbólica que, devia ser exclusivamente
dedicada ao fundador da nacionalidade. Refiro-me às figuras portadoras de
grande simbolismo cultural, tais como, José Carlos SCHWARZ, Dr Vasco Cabral, Aerolino Cruz, entre outras
que, não me ocorrem à memória neste momento.
O erro já foi cometido e, julgo eu,
provavelmente por inexperiência e capricho dos seus promotores ou por incúria
na sua abordagem e enquadramento.
Posto estes pontos de vista, é
preciso partilhar e refletir conjuntamente as grandes decisões nacionais, para
que iguais precipitações dispensáveis, não voltem a acontecer.
Por fim, é bom que se entenda que, Amilcar
Cabral é Amilcar Cabral e a amplitude da sua figura merece outras abordagens
que não se confundam com folclores e artes e culturas de panaceia.
Bem hajam
Bissau, 18 de Setembro
Carlos Benvindo Silva
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