quarta-feira, 18 de setembro de 2019

OPINIÃO : A PROPÓSITO DO DIA DA CULTURA


OPINIÃO : A PROPÓSITO DO DIA DA CULTURA

Ouvi na comunicação social de que, o Governo tinha decidido dedicar o dia 12 de Setembro como “Dia Nacional da Cultura”.

A escolha da data, foi infeliz, despropositada, inoportuna e desprovida de sentido.
Em primeiro lugar, porque a escolha de datas nacionais, deve ser alvo de um amplo debate nacional e sectorial para reunir consensos e alinhamento com a sociedade, ainda mais, tratando-se de uma área tão abrangente e transversal como a cultura. E, em segundo lugar, a escolha deve obedecer a critérios assertivos que não ponham em causa outras datas históricas de grande simbolismo e recolhimento nacional.

A escolha da data de 12 de Setembro, não respeitou, nem um, nem outro critério. Foi mal pensado e mal escolhido em todos os sentidos e ela, foi decidida à sorateira e de forma unilateral e caprichosa.
Ao escolher a data de 12 de Setembro como “dia da cultura”, o Governo desmereceu em consideração a data natalícia do Fundador da Nacionalidade Amilcar Cabral, cuja data não devia ser “partilhada” nem confundida com nenhuma outra, mesmo sob pretexto de se querer instituir uma “cultura” de debates e conhecimentos sobre a figura e obra do Pai da Nação, porquanto, estes debates e dissertações deviam ser feitos num contexto de exclusividade que a sua imensa figura merece, e deve ser tratado.

A escolha da data, desmerece igualmente, em respeito e consideração, outras importantes personalidades da cultura guineense, cujas datas natalícias, podiam perfeitamente ser escolhidas para se instituir como o “dia da cultura” e, sem necessidade de beliscar uma data histórica e simbólica que, devia ser exclusivamente dedicada ao fundador da nacionalidade. Refiro-me às figuras portadoras de grande simbolismo cultural, tais como, José Carlos SCHWARZ,  Dr Vasco Cabral, Aerolino Cruz, entre outras que, não me ocorrem à memória neste momento.

O erro já foi cometido e, julgo eu, provavelmente por inexperiência e capricho dos seus promotores ou por incúria na sua abordagem e enquadramento.

Posto estes pontos de vista, é preciso partilhar e refletir conjuntamente as grandes decisões nacionais, para que iguais precipitações dispensáveis, não voltem a acontecer.

Por fim, é bom que se entenda que, Amilcar Cabral é Amilcar Cabral e a amplitude da sua figura merece outras abordagens que não se confundam com folclores e artes e culturas de panaceia.

Bem hajam

Bissau, 18 de Setembro

Carlos Benvindo Silva   

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