domingo, 28 de julho de 2019

POLITICODEPENDENTE


O POLITICODEPENDENTE

Os primeiros gérmens desse grupo de parasitoides sociais, “classe” bem particular de guineenses, começou a surgir depois das eleições pós-guerra civil de 98 e, foram crescendo com o decorrer dos anos, de forma assustadora, infestando sériamente, a sociedade guineense com a nocividade dos seus comportamentos degradantes de puros oportunistas.

O Politicodependente, é a classe de guineenses que se auto-promovem, social e estatutáriamente, vivendo fundamentalmente dos privilégios e benesses da politica, com a qual, fazem modo de vida para sobreviverem em permanente ciclo de reciclagens e transsumâncias, quer de carácter, de postura e de côr politica.

Alguns deles, possuem boa formação e preparação académica, mas, pelo facto de se converterem nessa classe de auto-dependentes, acabam por perder-se e não se identificar com as suas competências, enquanto técnicos ou quadros. Por outro lado, outros nem tanto e, alguns são até analfabetos e outros ainda piores, pois há-os, de toda a corja.

Esses tristes figurinos que infestam a nossa sociedade, foram crescendo, crescendo,  e constituem hoje, numa praga social endémica, que mal provam os “confortos e sabores” do poder, nunca mais voltam a ser a mesma pessoa, pois perdem o carácter, tornam-se normalmente arrogantes, regridem técnicamente, transformam-se em inaptos-dependentes e aderem de corpo e alma ao circulo vicioso e cancrenoso dos politicodependentes. Enfim, passam a integrar a “classe dos parasitoides de politicos profissionais”, exclusivamente dependentes dos ganhos labirintosos do jogo politico e, quais vampiros sociais, só conseguem sobreviver alimentando-se das benesses e retornos proporcionados pela adesão e conversão à politica como modo de vida.

Essas personagens, passam a integrar um ciclo vicioso de reciclagem politica e de venda de dignidade e de carácter, em troca de um posto ou cargo, seja de Deputado, Ministro, Director Geral, Embaixador ou PCA, em uma instituição ou empresa pública e que, mal perdem o posto ou cargo, recorrem a todos os meios possiveis para recuperarem o espaço parasitário perdido, na incessante procura de novas fontes para alimentarem o seu ADN de sobrevivência.

Desta classe de criaturas politicodependentes, já se viu de tudo, desde quadros estrutural e académicamente competentes, que se perdem, no comodismo proporcionado pelas benesses e mordomias criadas pelas facilidades politico-partidárias, assim como, há-os igualmente, que do nada surgiram, para num ápice se guindarem a postos de ministros, conselheiros, embaixadores etc...pela simples razão da amizade ou relações de próximidade ou cumplicidade (normalmente dúbias e intrigantes), com o presidente da República, PM, presidente da ANP ou lider partidário do circulo do poder. Houve até, casos aberrantes, de analfabetos e semi-analfabetos chegarem a postos de ministros e outros cargos importantes no pais.

Como no intróito deste texto foi dito, a caixa da pandora deste fenomeno foi aberta aquando do primeiro governo saido das eleições de 2000, com o sistema da co-optação descarada de militantes e dirigentes de partidos para postos públicos de responsabilidade, ingressos descontrolado na função pública, nas empresas e instituições de capital ou parcerias públicas, criando com isso, as premissas de uma verdadeira destruturação dos paradigmas do funcionalismo público e do aparelho do Estado e..., à partir dai, nunca mais a governação e as regras do funcionalismo público, foi o mesmo no nosso pais, caindo-se no circulo vicioso dos “tachos”  e “boys” politicos.

Esse descalabro, que provocou uma verdadeira destruturação do aparelho do Estado, fez com que hoje, se assista de tudo no funcionalismo público, com as instituições do Estado a serem tomadas de assalto pelo campeio da incompetência, provocada pelas irresponsáveis nomeações politico-partidárias, laços familiares, concubinagem, afinidades étnicas que, nos últimos tempos, transformou-se numa importante fonte de esquemas de “propinas politicas”, que servem para financiar e sustentar os respectivos partidos, os lideres partidários, ou em alguns casos, a pagar contrapartidas ao dirigente politico que possibilitou a nomeação.

Últimamente, claramente com o intuito de dar vazão e satisfação à vasta clientela politico-partidária, novos postos e “tachos” da mais diversa natureza e categoria foram sendo criadas, associando-se-lhes, regalias e benesses faraônicas, entre eles, os casos recentes e usuais de cargos de “PCA-executivos”, cabendo-lhes, direito à viatura, gabinete, assessoria, secretárias particulares, viagens em 1ª classe e demais outras serventias e mordomias.

Neste cenário de luta de autênticas aves de rapinas sociais, esconde-se uma outra classe particular de parasitas sociais, que são aqueles, que teimam em eternizar-se nos meandros do poder,  os quais, só conseguem viver, sobrevivendo-se da politica e dos seus jogos tenebrosos e perigosos. Entre esses, muitos deles, para sobreviverem, submetem-se à humilhação de serem tratados, como autênticos yoyos politicos, cangalheiros do poder..., sendo ora ministros, ora DG e, volta a ser ministro, e depois a PCA, e assim por aí fora...

A fechar este circo de baile de parasitas sociais, surge esta nova e emergente sub-classe de politicodependentes, aqueles, que por ora, funcionam na informalidade, constituido de crónicos bariduris di padja, os claqueros politicos, os idolatradores radiofónicos, sendo desta nova vaga, a mais activa estes últimos tempos, a praga dos propagandistas politicos das redes sociais que recorrem a falsos perfis ou servindo-se de “bocas de aluguer”, que agindo por encomenda politica, destilam o odio, proferem insultos e veiculam irresponsavelmente, calúnias e mentiras forjadas e instrumentalizadas pelo circulo politico e de interesse a que pertencem e, a maior das vezes, expondo-se indecorosamente e sem pudores, a espectáculos indecorosos de bajulação... em nome do “amo”.

Este campo em emergência e forte fonte de recrutamento desta sub-classe de parasitas sociais é hoje, muito perceptivel no novo e recente quadro de dirigentes e da governação. Ela, tenderá naturalmente a crescer e diversificar-se de forma galopante em resultado dos ganhos e projeção alcançados por alguns, onde o espaço virtual e os programas radiofónicos, são os instrumentos ideais para a auto-promoção, mercê da bajulação ou subservência que se oferecem à uma auto-criação de Deus-Sol nascentes na politica actual. 

Hoje infelizmente, a realidade nos mostra, de que, ser-se bajulador e defensor ferrenho de um sistema politico ou de governo, um chefe de governo, um lider ou grupo politico no poder, em detrimento da verdade, da tranparência e competência, é sinônimo, de que, ganha-se em contrapartida pelos “serviços” prestados, a recompensa  ou gratificação de um posto de governante, conselheiro ou assessor.

Para piorar as coisas, ao que foi dado a constactar nos últimos tempos, está-se na eminência da recomposição da antiga e perigosa fórmula de partido-Estado, o velho sistema de controle do Governo pelo aparelho partidário no poder, que obriga o Governo a responder em primeira linha politicamente ao partido e, consequente às suas exigências e estratégias internas que, normalmete são diametralmente contrárias, aos interesses e ensejos da maioria do Povo. E, como consequências recentes da instauração do novo sistema de controlo politico-partidária, surgem as recentes catadupas de nomeações e criação desenfreada de imponentes cargos de conselheiros, assessores e, até de aberrantes gabinetes estratégicos de coordenação, escamoteados Governos Sombras, feitas à vontade do partido-freguês.

Haja bom senso.

Saudações fraternais, de Henrique P. Silva

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